Controle da ferrugem do cafeeiro com Bioaegis®, composto bioestimulante e bioprotetor sustentável para a produção certificada
R.F.E. Sanches1, M. Ciampi-Guillardi1, M. T. Braghini2, O. Guerreiro-Filho2, G.L.M. Zambrosi1. 1Pesquisadores da Startup Defense Fertilizer, 2Instituto Agronômico de Campinas, rodrigo.fazani@gmail.com, bolsista FAPESP.
A produção nacional de café encontra-se ameaçada pela ferrugem, causada pelo fungo Hemileia vastatrix, doença que pode causar redução na produtividade de até 50%, levando a perdas bilionárias anualmente. No cultivo de cafés certificados, com restrição de uso de produtos fitossanitários, as perdas de produção podem ser ainda maiores em anos com condições ambientais favoráveis à doença. A menor produtividade nas plantas afetadas pela doença se deve à queda precoce das folhas, o que compromete a fotossíntese, a produção e a distribuição de açúcar nas plantas, reduzindo a produção e qualidade dos frutos.
A Defense Fertilizer, startup de pesquisa e desenvolvimento, vem testando a eficácia do BioAegis®, um composto bioestimulante e bioprotetor sustentável para controle da ferrugem, uma das principais limitações à cafeicultura. Na produção orgânica ou agroecológica, a doença tem sido controlada com produtos à base de cobre, como a calda bordalesa, que deixa resíduos pouco tolerados nos cafés para exportação. A formulação do BioAegis® contém uma associação inovadora de extratos vegetais e elementos metálicos, ingredientes com uso permitido na cafeicultura orgânica e certificada.
Para avaliar seu efeito protetor e curativo contra a ferrugem, o produto foi aplicado via foliar em mudas de cafeeiro em duas cultivares, Catuaí e Bourbon Amarelo, cinco dias antes da inoculação com H. vastatrix (105/μL) e/ou após o surgimento dos primeiros sintomas da doença. O delineamento experimental foi em esquema fatorial triplo 2x3x2, com duas cultivares de café suscetíveis ao fungo, o Catuaí e o Bourbon Amarelo, aplicação do composto em três tempos distintos (preventiva, curativa e preventiva + curativa) e em duas doses (D1 e D2). Os tratamentos foram compostos por plantas tratadas com água e não inoculadas (controle negativo), plantas tratadas com água e inoculadas (controle positivo), aplicação preventiva (P), preventiva e curativa (P/C), curativa (C) do produto e da calda bordalesa.
Resultados e conclusões
As plantas controle inoculadas apresentaram 52% e 84% da área foliar comprometida com as lesões causadas pelo fungo nas variedades Catuaí e Bourbon Amarelo, respectivamente (Figura 1). Houve redução das lesões foliares com a aplicação do BioAegis® em comparação às plantas controle nas duas cultivares, confirmando o potencial do produto no controle da ferrugem.
Legenda. Sintomas da ferrugem em folhas de café nas cultivares Catuaí (à esquerda) e Bourbon Amarelo (à direita), em função dos tratamentos: controle negativo não inoculado (A), controle positivo inoculado (B), aplicação do BioAegis® de forma preventiva (P – C e D), curativa (C – E e F) e preventiva/curativa (P/C – G e H), em duas doses (D1 e D2), e aplicação de calda bordalesa na dose comercial recomendada preventiva (P – I), curativa (C – J) e preventiva/curativa (P/C – K).
Na cultivar Catuaí, a D1 do produto proposto reduziu a severidade da ferrugem em 100% com uso preventivo e preventivo/curativo, e de 86% com uso curativo. Já a D2 usada de forma curativa resultou em menor proteção às plantas, com redução de 57% da severidade quando comparado ao Controle+. Na cultivar Bourbon Amarelo, D1 e D2 demonstraram efeitos similares, uma vez que reduziram a severidade em 88% quando aplicadas de forma preventiva e preventiva/curativa. Contudo, a redução foi menor (62%) quando D1 e D2 foram utilizadas de forma curativa. A aplicação da calda bordalesa nesta cultivar reduziu a severidade em 88% em todas as épocas de aplicação. O efeito do produto proposto sobre a severidade foi similar ao da calda bordalesa nas duas variedades estudadas, independente da época de aplicação. O número de lesões foliares no Controle+ da cultivar Catuaí foi 38% menor que da cultivar Bourbon Amarelo, evidenciando níveis de susceptibilidade à ferrugem distintos entre as cultivares.
A porcentagem de área foliar lesionada pela ferrugem no Controle+ na cultivar Catuaí foi 39% menor do que em Bourbon Amarelo. Na cultivar Catuaí, a porcentagem de área foliar lesionada foi reduzida em 98% com a D1, independente da época de aplicação. Para a D2, o decréscimo foi de 98% com a aplicação preventiva e preventiva/curativa, e de 92% com uso curativo. A calda bordalesa reduziu em 100% a porcentagem de área foliar lesionada quando aplicada de forma preventiva e preventiva/curativa, e 98% com aplicação curativa. Para a cultivar Bourbon Amarelo, não houve diferença entre duas doses, sendo que a aplicação preventiva e preventiva/curativa do produto reduziu a porcentagem de área foliar lesionada em 99% e a aplicação apenas curativa resultou em queda de 95%. Nesta variedade, a aplicação da calda bordalesa reduziu em 100% a porcentagem de área foliar lesionada em todas as épocas de aplicação. Ao comparar o efeito do produto proposto com o da calda bordalesa, verificamos similaridade na redução na porcentagem das lesões causadas pela ferrugem em ambas as variedades.
A formulação inovadora do BioAegis® apresentou efeito tanto protetor, atuando na prevenção contra a infecção pelo patógeno, como curativo, reduzindo os sintomas da ferrugem nas folhas após seu estabelecimento, com controle similar ao conferido pela calda bordalesa, mas sem o uso de cobre. Adicionalmente, as plantas tratadas com o produto apresentaram aumento médio de 27,5% em área foliar, evidenciando seu efeito bioestimulante. A combinação de ingredientes ativos do produto em desenvolvimento, além de disponibilizar nutrientes ao cafeeiro, atua na proteção contra a ferrugem, estimulando suas defesas naturais e promovendo maior performance produtiva da cultura, contribuindo para uma produção sustentável de cafés certificados.
Trabalho publicado nos Anais do 48° Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.