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Pesticidas na Água da Chuva

Nutrição inteligente, proteção completa.

Um Alerta sobre o Uso de Agrotóxicos e a Necessidade de Alternativas Sustentáveis

O Brasil, como maior produtor mundial de soja e cana-de-açúcar, também é o maior consumidor de agrotóxicos do planeta, utilizando 70% a mais do que os Estados Unidos, o segundo colocado nesse ranking. Essas substâncias, essenciais para o controle de pragas e doenças na agricultura em larga escala, têm um lado preocupante: sua dispersão no meio ambiente pode contaminar o solo, a água e até mesmo a chuva.

Um estudo recente publicado na revista Chemosphere, liderado por pesquisadores da Unicamp, mostrou que a água da chuva em cidades como São Paulo, Campinas e Brotas está contaminada com pesticidas. Foram detectados 14 agrotóxicos e cinco produtos de degradação, incluindo herbicidas, fungicidas e inseticidas. Entre eles, destacam-se a atrazina (herbicida presente em 100% das amostras) e o carbendazim (fungicida proibido no Brasil, mas ainda encontrado em 88% das coletas).

Como os Agrotóxicos Chegam à Chuva?

Quando aplicados nas plantações, parte desses compostos volatiliza e se espalha pela atmosfera. Fatores ambientais como vento, temperatura e umidade determinam seu deslocamento. Em certas condições, eles se incorporam às gotas de chuva, retornando ao solo e promovendo a contaminação de corpos d’água e aquíferos, muitas vezes a quilômetros das áreas agrícolas onde foram aplicados.

O estudo mostrou que, embora as concentrações não ultrapassem os limites permitidos para água potável no Brasil, muitos desses compostos não possuem padrões de segurança estabelecidos. Além disso, a exposição crônica a baixas doses pode trazer riscos à saúde humana e à vida aquática.

Riscos à Saúde e ao Meio Ambiente

Alguns pesticidas detectados, como o 2,4-D e o fipronil, são especialmente preocupantes. O 2,4-D, um herbicida amplamente utilizado, está associado a efeitos negativos na fertilidade humana e já teve sua aplicação proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2023. Todavia, sua aplicação por aerossol continua permitida. Já o fipronil, inseticida conhecido por sua alta toxicidade para abelhas e longa persistência no ambiente (até 220 dias na água), foi considerado um risco para a vida aquática nas três cidades analisadas.

Chama a atenção a descoberta do herbicida tebutiuron em 75% das amostras de água da chuva, marcando sua primeira detecção nesse contexto. Esse resultado evidencia que, mesmo em áreas urbanas, estamos sujeitos à contaminação por resíduos de pesticidas, com potencial de acúmulo no ambiente e na cadeia alimentar.

A Necessidade de Alternativas Sustentáveis

Mesmo tendo nos defensivos químicos eficiência no combate contra pragas e custo acessível, diante desse cenário, é de extrema importância repensar o modelo agrícola atual e investir em práticas mais sustentáveis. O uso de bioinsumos, defensivos agrícolas orgânicos e técnicas de manejo integrado de pragas (MIP) pode reduzir significativamente a dependência de agrotóxicos convencionais.

Produtos certificados e orgânicos, além de serem menos agressivos ao meio ambiente, não deixam resíduos tóxicos no solo e na água. A adoção de políticas públicas que incentivem a transição para uma agricultura mais limpa e a regulamentação mais rígida, baseada em evidências científicas, são passos fundamentais para proteger a saúde humana e os ecossistemas.

Conscientização e Ação

A contaminação por pesticidas não está restrita ao campo. Como demonstrado pelo estudo, ela pode chegar até nós pela água da chuva, pelos alimentos e até pelo ar. Portanto, a conscientização sobre os riscos dessas substâncias e a busca por alternativas ecológicas são essenciais.

Cada escolha feita no campo reflete diretamente no meio ambiente e na qualidade de vida das próximas gerações. Ao investir em práticas sustentáveis e buscar alternativas que respeitem o solo, a água e o ar, o produtor rural se torna protagonista de uma agricultura mais forte e duradoura. A empresa Defense Fertilizer inova ao desenvolver produtos ecológicos que combatem doenças ativando o sistema natural de defesa das plantas, além de estimular seu crescimento e desenvolvimento. Com apoio à pesquisa e fiscalização responsável, podemos garantir produtividade sem abrir mão da preservação ambiental.

Carbendazim

O carbendazim é um defensivo agrícola que oferece sérios riscos à saúde humana e ao meio ambiente. Pesquisas indicam que sua exposição pode causar infertilidade, problemas no fígado, distúrbios hormonais e até aumentar o risco de câncer. Por conta disso, o seu uso foi restrito em vários países. Nos Estados Unidos, por exemplo, foi proibido principalmente devido a contaminações em sucos de laranja.

No ambiente, o carbendazim é altamente resistente, podendo permanecer no solo e na água por anos, contaminando rios, lagos e afetando a vida de peixes, insetos e microrganismos importantes para a saúde do solo. Essa persistência também favorece o acúmulo de substância tóxica nos seres vivos e a diminuição da biodiversidade.

Embora alguns microrganismos, como bactérias dos gêneros Pseudomonas, Bacillus e fungos como Trichoderma, consigam degradar o produto, sua decomposição natural é lenta. Por isso, novas técnicas vêm sendo estudadas para acelerar sua quebra e diminuir os impactos ambientais.

Diante desses riscos, é importante que o produtor rural fique atento ao uso de alternativas mais seguras e sustentáveis para proteger suas lavouras sem comprometer a saúde e o meio ambiente.

Em 8 de agosto de 2022, a Anvisa concluiu a reavaliação toxicológica do ingrediente ativo carbendazim, mantendo sua proibição no Brasil.

Motivações para o Banimento

Mutagenicidade: O carbendazim foi classificado como presumivelmente mutagênico para células reprodutivas humanas (Categoria 1B), indicando potencial para causar mutações genéticas.

Carcinogenicidade: Classificado como presumivelmente carcinogênico para humanos (Categoria 1B), com evidências sugerindo risco de desenvolvimento de câncer.

Toxicidade Reprodutiva: Identificado como presumivelmente tóxico para a reprodução humana (Categoria 1B), afetando o desenvolvimento do feto durante a gestação e recém-nascido.

A Anvisa concluiu que não é possível estabelecer um limiar seguro de exposição humana para esses efeitos tóxicos, o que fundamentou a decisão de proibição.

Medidas Implementadas

Proibição de todos os produtos técnicos e formulados à base de carbendazim, incluindo aqueles com registros ativos ou em processo de registro no país. Estabelecimento de um prazo de 12 meses para a descontinuação gradual da importação, produção, comercialização e uso desses produtos. Implementação de medidas transitórias de diminuição de riscos, como a exclusão de tecnologias de aplicação manual costal, parcialmente fixa, fixa e por tratores de cabine aberta, visando proteger a saúde dos trabalhadores rurais durante o período de descontinuação.

Contexto Legal

A decisão da Anvisa atende à determinação judicial proferida nos autos da Ação Civil Pública nº 0051862-73.2013.4.01.3400, que exigiu a conclusão da reavaliação toxicológica do carbendazim no prazo de 60 dias a partir de 10 de junho de 2022.

Para mais informações, consulte a notícia oficial da Anvisa: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2022/carbendazim-anvisa-concluiu-processo-de-reavaliacao-e-mantem-o-banimento

 

Fontes

Para mais informações leia a reportagem completa escrita por Michele Fernandes Gonçalves, bolsista de Jornalismo Científico da FAPESP, “Pesquisa detecta agrotóxicos na chuva em três cidades paulistas”. Disponível em: https://agencia.fapesp.br/pesquisa-detecta-agrotoxicos-na-chuva-em-tres-cidades-paulistas/54568

O artigo oficial está disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0045653525000335

Dias, M.A., Santos, V.S., Vizioli, B.C. et al. Pesticides in rainwater: A two-year occurrence study in an unexplored environmental compartment in regions with different land use in the State of São Paulo – Brazil. Chemosphere, v.372, 144093, 2025. https://doi.org/10.1016/j.chemosphere.2025.144093

Silva, R.C., Barros, K.A., Pavão, A.C. Carcinogenicidade do carbendazim e seus metabólitos. Química Nova, v.37(8), p. 1329-1334, 2014. https://doi.org/10.5935/0100-4042.20140214

Singh, S., Singh, N., Kumar, V. et al. Toxicity, monitoring and biodegradation of the fungicide carbendazim. Environmental Chemistry Letters, v.14, p.317-329, 2016. https://doi.org/10.1007/s10311-016-0566-2

Zhou, T., Guo, T., Wang, Y. et al. Carbendazim: Ecological risks, toxicities, degradation pathways and potential risks to human health. Chemosphere, v.314. 137723, 2023. https://doi.org/10.1016/j.chemosphere.2022.137723