
Tarifa dos EUA contra produtos brasileiros gera reação unificada do agronegócio
Setor produtivo critica medida de Trump e pede diálogo diplomático para preservar comércio entre os países
O anúncio recente do governo dos Estados Unidos de impor tarifas adicionais de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros provocou forte reação de três das principais entidades do agronegócio nacional: CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) e ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio). O setor considera a medida unilateral, injustificada e prejudicial tanto ao Brasil quanto aos próprios norte-americanos.
🔎 Medida política, impacto direto no agro
De acordo com a nota da CNA, a decisão norte-americana rompe com uma tradição de 200 anos de cooperação entre os dois países, marcada por equilíbrio e respeito às regras do livre comércio. Para a entidade, não há desequilíbrio comercial que justifique a nova tarifa, e os impactos serão severos não apenas para os exportadores brasileiros, mas também para os consumidores norte-americanos.
A FPA, braço político do agro no Congresso, também se posicionou com firmeza. A entidade vê com preocupação os efeitos diretos sobre o setor agropecuário, como a elevação dos custos de produção devido ao aumento do dólar e a queda na competitividade das exportações brasileiras. Para os parlamentares do agro, é hora do Brasil manter cautela e firmeza, apostando na diplomacia e em negociações bilaterais inteligentes.
📉 Produtos ameaçados e efeito em cadeia
Já a ABAG foi categórica ao alertar que a medida trará impactos imediatos sobre setores estratégicos do agro brasileiro, como papel e celulose, carne bovina, suco de laranja, açúcar e café — todos com relevante presença no mercado americano. A entidade ressalta que, além de não haver base econômica para a decisão, os EUA têm mantido superávit nas trocas comerciais com o Brasil nos últimos anos, o que enfraquece o argumento de proteção comercial.
A ABAG também sublinha que a medida não favorece nem mesmo o consumidor norte-americano, que deve enfrentar aumento nos preços e restrição de oferta em produtos essenciais.
🤝 Diplomacia como único caminho
Apesar da gravidade da situação, as três entidades reforçam que o diálogo bilateral é o caminho mais estratégico e eficaz para contornar a crise. A CNA defende “a razão e o pragmatismo” como soluções. A FPA chama atenção para uma “presença ativa do Brasil nas mesas de negociação”. E a ABAG espera que uma solução diplomática seja alcançada antes da entrada em vigor das tarifas, prevista para 1º de agosto.
🚜 O que o produtor rural deve esperar?
Para os produtores rurais brasileiros, principalmente aqueles ligados ao mercado externo, o momento exige atenção redobrada. Com os custos de insumos pressionados e possíveis dificuldades logísticas à frente, a previsibilidade nos negócios pode ser comprometida.
As entidades prometem atuar fortemente nos bastidores diplomáticos e legislativos. O agro brasileiro está unido, e a mensagem é clara: não se trata apenas de comércio, mas de relações históricas que precisam ser preservadas com responsabilidade.
Fontes:
ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio)
ABAG. Agro deve ser afetado por tarifas dos Estados Unidos. São Paulo: ABAG, jul. 2025. Disponível em: https://abag.com.br/agro-deve-ser-afetado-por-tarifas-dos-estados-unidos/. Acesso em: 11 jul. 2025.
CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil)
CNA. CNA divulga nota sobre tarifa anunciada por Trump. Brasília: CNA, 09 jul. 2025. Disponível em: https://cnabrasil.org.br/noticias/cna-divulga-nota-sobre-tarifa-anunciada-por-trump. Acesso em: 11 jul. 2025.
FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária)
FPA: cautela e diplomacia firme diante da tarifa de 50% imposta pelos EUA ao Brasil. Agência FPA, 09 jul. 2025. Disponível em: https://agencia.fpagropecuaria.org.br/2025/07/09/fpa-cautela-e-diplomacia-firme-diante-da-tarifa-de-50-imposta-pelos-eua-ao-brasil/. Acesso em: 11 jul. 2025.