
Os bioestimulantes/biofertilizantes são substâncias ou microrganismos que, quando aplicados às plantas ou ao solo, promovem o crescimento vegetal, aumentam a tolerância a estresses abióticos e bióticos e melhorando a eficiência na absorção de nutrientes (du Jardin, 2015). Diferentemente dos fertilizantes, que fornecem nutrientes essenciais diretamente às plantas, os bioestimulantes atuam por mecanismos indiretos, otimizando os processos fisiológicos das culturas. Além disso, os bioestimulantes podem contribuir para a mitigação dos impactos das mudanças climáticas e aumentar a resiliência das culturas agrícolas (Yakhin et al., 2017).
Categorias de Bioestimulantes
Os bioestimulantes podem ser classificados em diferentes categorias de acordo com sua origem e mecanismo de ação:
- Extratos de Algas e Substâncias Derivadas: Contêm compostos bioativos como fitohormônios, polissacarídeos e compostos antioxidantes, promovendo crescimento e resistência a estresses ambientais (Kapoore et al., 2021). Esses compostos podem ativar mecanismos de defesa da planta e melhorar a eficiência da fotossíntese.
- Aminoácidos e Peptídeos: Estimulam a síntese de proteínas e atuam na sinalização celular, contribuindo para o metabolismo vegetal e aumentando a eficiência da nutrição mineral (Yakhin et al., 2017). Além disso, podem influenciar positivamente a produção de metabólitos secundários envolvidos na defesa contra patógenos.
- Substâncias Húmicas e Fúlvicas: Melhoram a estrutura do solo e a biodisponibilidade de nutrientes, facilitando a absorção pelas raízes (Brown & Saa, 2015). Esses compostos também modulam a expressão gênica relacionada ao crescimento e desenvolvimento radicular.
- Microrganismos Benéficos: Incluem bactérias promotoras de crescimento (PGPR) e fungos micorrizos que interagem com a rizosfera, promovendo crescimento radicular e proteção contra estresses ambientais (du Jardin, 2015). Esses organismos podem induzir resistência sistêmica adquirida (ISR) e melhorar a solubilização de nutrientes essenciais.
- Hidrolisados de Proteínas e Aminoácidos: Obtidos pela hidrólise de proteínas vegetais ou animais, esses compostos fornecem aminoácidos essenciais que estimulam a síntese de proteínas, promovem o crescimento vegetal e aumentam a resistência ao estresse abiótico. Eles também podem atuar na regulação osmótica e na desintoxicação de radicais livres (Calvo et al., 2014).
Benefícios dos Bioestimulantes
O uso de bioestimulantes na agricultura traz diversos benefícios, tais como:
- Aumento da Eficiência Nutricional: Melhoram a capacidade da planta de absorver e utilizar nutrientes do solo.
- Melhoria da Tolerância a Estresses Abióticos: Reduzem os impactos negativos de seca, salinidade e temperaturas extremas.
- Estímulo ao Crescimento e Desenvolvimento Vegetal: Atuam na expressão de genes associados ao crescimento, promovendo maior produtividade (Yakhin et al., 2017).
- Sustentabilidade Agrícola: Reduzem a dependência de fertilizantes químicos e promovem práticas agrícolas mais ecológicas (Brown & Saa, 2015).
- Interação Positiva com a Microbiota do Solo: Favorecem a atividade de microrganismos benéficos, promovendo um ambiente biológico mais equilibrado e fértil.
Regulamentação dos Bioestimulantes
A regulamentação dos bioestimulantes varia globalmente e ainda está em desenvolvimento. A União Europeia, por exemplo, incluiu os bioestimulantes no Regulamento de Fertilizantes (EU 2019/1009), definindo critérios claros para sua comercialização e uso. Nos Estados Unidos, sua classificação é menos uniforme, sendo regulados conforme os efeitos no crescimento das plantas (du Jardin, 2015).
No Brasil, os bioestimulantes são classificados dentro da categoria de fertilizantes especiais, exigindo registro junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A Instrução Normativa nº 61, de 08 de julho de 2020, estabelece que para o registro de produtos biofertilizantes, incluindo bioestimulantes, é necessário apresentar um relatório de bioensaio, elaborado por uma instituição de pesquisa oficial brasileira ou credenciada. Esse relatório deve seguir um protocolo mínimo de avaliação da eficácia do produto, garantindo sua segurança e eficiência antes da comercialização (MAPA, 2020).
Definição Legal de Biofertilizantes no Brasil
Segundo o MAPA, a Legislação brasileira define biofertilizantes como: “produto que contém princípio ativo ou agente orgânico, isento de substâncias agrotóxicas, capaz de atuar, direta ou indiretamente, sobre o todo ou parte das plantas cultivadas, elevando a sua produtividade, sem ter em conta o seu valor hormonal ou estimulante.”
Dessa forma, os bioestimulantes, são considerados como uma categoria de biofertilizantes no Brasil e devem seguir as normas regulatórias que asseguram sua qualidade, segurança e eficácia para a agricultura nacional.
Considerações Finais
Os bioestimulantes representam uma estratégia inovadora e sustentável para aumentar a produtividade agrícola e mitigar os impactos das mudanças climáticas. Com regulamentação em evolução e crescente adoção por produtores, seu uso tende a se expandir, consolidando-se como uma ferramenta essencial na agricultura moderna. A regulamentação brasileira, em consonância com normas internacionais, visa assegurar a qualidade e eficácia desses produtos, promovendo seu uso seguro e benéfico para a agricultura nacional.
Referências
Brown, P.; Saa, S. Biostimulants in agriculture. Frontiers in Plant Science, v. 6, p. 671, 2015.
Calvo, P. et al. Agricultural uses of plant biostimulants. Plant Soil, v. 383, p. 3-41, 2014.
du Jardin, P. Plant biostimulants: Definition, concept, main categories and regulation. Scientia Horticulturae, v. 196, p. 3-14, 2015.
Kapoore, R. V. et al. Algae biostimulants: A critical look at microalgal biostimulants for sustainable agricultural practices. Biotechnology Advances, v. 49, p. 107754, 2021.
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Protocolo para realização do relatório de bioensaio para biofertilizante. 2020.
Yakhin, O. I. et al. Biostimulants in Plant Science: A Global Perspective. Frontiers in Plant Science, v. 7, p. 2049, 2017.